Um jovem pastor para uma
cidade babilônica. Uma das formas de se entender o livro Reformissão, do Mark Driscoll. Baseado em suas experiências com sua
igreja (Mars Hill) sediada em Seattle, Driscoll tem como principal proposta
falar de missões, unindo Evangelho, Igreja e Cultura.
Para iniciar a leitura de Reformissão, é bom ter em mente o que o
autor entende por cultura. Ao fluir da leitura, é possível perceber que
Driscoll trabalha com um conceito base de cultura e alguns outros que vão
surgindo dentro de contextos específicos, mas nem por isso, deixando de turvar
um pouco o texto. Em todo caso, o autor entende cultura de uma forma dinâmica e
que não se atém a coisas, objetos ou práticas e usos, mas vai além: atinge
nosso modo de pensar, ser e conviver.
Seguindo, o livro discute o
modelo que temos de missão e propõe a reformissão a partir do próprio modelo de
Cristo. Discute a forma como nos aproximamos de pessoas não-cristãs e como
Jesus fazia isso de forma a guardar o Evangelho e, ao mesmo tempo,
compartilhá-lo. Segundo o autor:
“a
reformissão é, fundamentalmente, ser como Jesus, por meio de sua graça
transmissora de poder. Um dos pontos-chave subjacentes à reformissão é a
compreensão de quem nem a liberdade de Cristo nem a nossa liberdade em Cristo subentendem uma permissão para
chegarmos tão próximo quanto possível do pecado, contanto que não cruzemos o
limite.”
(DRISCOLL, p. 39-40)
(DRISCOLL, p. 39-40)
Acrescentando, Driscoll
mostra como os evangelhos comunicaram as boas novas considerando o contexto
cultural. Entrando na questão da união da Igreja com a Cultura (aqui, em um dos
seus conceitos, “cultura” seria o contexto cultural específico a um determinado
lugar). Para ele, a reformissão não é algo que se faz, mas algo que se é, o
que, em termos de missões, faz muito sentido, pois Cristo não deixou de ser
Cristo da forma que pregou o Evangelho, mas, ao contrário, Ele se reafirmou
como Filho de Deus ao fazê-lo como fez, desafiando as práticas que se
distanciavam da vontade do Pai.
Na segunda parte do livro, a
discussão se aprofunda em como nós, cristãos, nos relacionamos com os
não-cristãos e com nossa cultura. Para tal, o autor trata da reformissão dentro
da cultura e ilustra com algumas questões cuja forma de serem tratadas, transparecem
regras impostas culturalmente.
Todo o livro é enriquecido
com depoimentos e relatos da própria experiência do pastor que o escreve. É de
uma leitura muito clara, límpida e bem humorada que nos leva a pensar sobre
nossos próprios preconceitos e de como somos imbuídos por falsos ensinamentos
dentro de nossa própria cultura. Entender que não estamos imunes a uma gama de
práticas, usos, ideologias de nossa época e que é incumbência nossa,
aprendermos a viver dentro de nossos contextos e comunicarmos o Evangelho dentro
de nossas próprias vivências é, sem dúvida, um grande tesouro que encontramos
nesta obra.
Fonte: DRISCOLL, Mark. Reformissão:
como levar a mensagem sem comprometer o conteúdo. Niterói, RJ: Tempo de
Colheita, 2009.
Um comentário:
Belíssima resenha. Livro recomendadíssimo.
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