segunda-feira, 31 de março de 2014

O que será

Gosto muito de Chico. Bom letrista o cara, boas melodias também. Uma das canções dele que mais me chamam a atenção é O que será (à flor da pele). Uma canção que traduz tão bem a angústia humana. Ouço-a como se ela estivesse dando nome ao que é inominável. Veja por si mesmo:


O que será (à flor da pele) - Chico Buarque

O que será que me dá
Que me bole por dentro, será que me dá
Que brota à flor da pele, será que me dá
E que me sobe às faces e me faz corar
E que me salta aos olhos a me atraiçoar
E que me aperta o peito e me faz confessar
O que não tem mais jeito de dissimular
E que nem é direito ninguém recusar
E que me faz mendigo, me faz suplicar
O que não tem medida, nem nunca terá
O que não tem remédio, nem nunca terá
O que não tem receita

O que será que será
Que dá dentro da gente e que não devia
Que desacata a gente, que é revelia
Que é feito uma aguardente que não sacia
Que é feito estar doente de uma folia
Que nem dez mandamentos vão conciliar
Nem todos os ungüentos vão aliviar
Nem todos os quebrantos, toda alquimia
E nem todos os santos, será que será
O que não tem descanso, nem nunca terá
O que não tem cansaço, nem nunca terá
O que não tem limite

O que será que me dá
Que me queima por dentro, será que será
Que me perturba o sono, será que me dá
Que todos os tremores me vêm agitar
Que todos os ardores me vem atiçar
Que todos os suores me vêm encharcar
E todos os meus nervos estão a rogar
E todos os meus órgãos estão a clamar
E uma aflição medonha me faz implorar
O que não tem vergonha, nem nunca terá
O que não tem governo, nem nunca terá
O que não tem juízo







Percebo simplesmente uma lacuna. Uma lacuna exatamente do tamanho de Deus.

P.s: Há um diálogo claro aí com vários salmos... Penso no 139, 77, 88... Consola saber que pra Deus "o que me dá" tem governo e tem juízo. Ele conhece o oculto do ser humano.

domingo, 30 de março de 2014

1984

Acabei a leitura de 1984, de George Orwell. Gostei. Até mesmo porque era uma dívida que eu tinha para comigo. O texto causou impacto em alguns momentos, em outros, confesso que não me surpreendeu. Mas senti assim... Aquele tapa de luva de pelica. A obra é mais que uma nota, uma observação, é uma análise ácida e contundente de tempos pelos quais poderíamos passar: "Se você quer uma imagem do futuro, imagine uma bota prensando um rosto humano para sempre", escreveu o autor.

O Estado que Orwell descreve é opressor e castrador. Ele crê eliminar todas as ideologias contrárias pela vigilância e opressão. Winston, personagem principal da obra, foge disso. E por fugir, tem sua liberdade e sua vida posta em risco. Mas um risco que vale, um risco necessário e aliviador até.

A leitura deste livro me levou a pensar no extremo a que pode chegar uma nação que bane a presença de Deus como seu criador. O Partido, na obra de Orwell, ocupa esse lugar. É o ponto de chegada e partida para todas as coisas. O Partido é o fim e é objeto de adoração. Não surpreende que seja opressor, ditador e assassino. 

Sem mais fôlego para escrever, mas se é necessário encerrar aqui... Eu recomendaria a leitura, sobretudo em conjunto com os clássicos da literatura de esquerda (digo, Marx & Cia). Dá um belo contraponto. Que Deus nos livre de um Estado totalitário assim.

Boa semana!


quinta-feira, 27 de março de 2014

Os salmos e os estados da alma II

Estive pensando nos estados da alma e em como Deus nos enxerga profundamente. Tanto em nós como no outro há pontos que para nós são "cegos". Vejo isso até na minha própria prática de trabalho. Nunca alcançamos um aluno plenamente. Ele/ela vai sempre nos surpreender (o que é muito bom também). O que quero dizer é que com Deus a coisa se dá de uma forma infinita. Leio no salmo 139 que Ele nos conhece exaustivamente e profundamente. Não há, para Deus, pontos "cegos". Ele simplesmente sabe. E isso é um consolo. Mesmo que eu não saiba a causa de todos os meus medos, tristezas e ansiedade, Deus sabe. Ele vai aonde nenhum psicólogo, psiquiatra ou qualquer outro especialista da psiquê humana pode ir. Lembro de vários exemplos... Elias, pedindo para morrer, escondendo-se de Jezabel, Moisés também exaurido por causa de um povo rebelde, Davi, arrependido de seu pecado... Todos eles se despiram e se desnudaram diante de Deus. Convido-o a fazer o mesmo. Leia os salmos e experimente o quanto é surpreendente o modo como Deus cura nossa alma.

terça-feira, 25 de março de 2014

Rimsky Korsakov - um artista cristão

Pensei hoje em postar sobre outro assunto, mas quando descobri um fato sobre Korsakov... Mudei de ideia. Segundo meu pai, o compositor se converteu ao cristianismo. Achei o fato interessante principalmente porque, a meu ver, nunca me pareceu existir na música clássica uma divisão entre música cristã e música secular. Johann Sebastian Bach compunha obras maravilhosas que apresentava na igreja e hoje ouvimos em salas de concerto.
Bem, Korsakov revela em suas obras o gosto pelo folclórico e por outras culturas. Penso que estava aberto para isso. Não se punha restrições para criar como a maioria dos compositores cristãos brasileiros da atualidade. Pergunto-me: como não seriam belas as obras dos nossos artistas cristãos se seguissem o exemplo de Korsakov?


Vídeo: Rimsky Korsakov - Sherazade - Filarmônica de Viena

domingo, 23 de março de 2014

Oração

"Não permita que a oração seja o seu último recurso em tempos de necessidade; faça-a ser o primeiro." (Pão Diário, agenda 2014. Publicações RBC)

Isso mesmo. A frase acima foi tirada de uma agenda que ganhei de uma amiga. Fez muito sentido para mim. Em tempos de necessidade, é comum que corramos de um lado para outro, tentando por nossos próprios esforços resolver problemas. Longe de mim dizer que não devemos tentar ou mesmo fazê-lo. A questão que se coloca é se deixamos Deus guiar o processo ou se O excluímos.

Dentre as minhas várias resoluções ao longo da caminhada, uma delas é esta: não deixar que a oração seja o último recurso, mas, ao contrário, que ela seja o que se propõe a ser: relacionamento com Deus e comunhão com Ele.

Uma boa semana!

sexta-feira, 21 de março de 2014

Orwell por Orwell

Dia cheio. Mais um bom papo sobre arte (este assunto está me cercando rs...). Creio que vá render bons frutos. Mas enfim... Passei por aqui hoje pra deixar uma citação de George Orwell, autor que estou lendo no momento. Vejam só o que ele diz sobre seu trabalho:

"O meu ponto de partida é sempre um sentimento de partilha, uma noção de injustiça. Quando me sento para escrever um livro, não digo para mim 'vou produzir uma obra de arte'. Escrevo porque existe alguma mentira para ser denunciada, algum fato para o qual quero chamar atenção, e acredito sempre que vou encontrar quem me ouça. Mas não seria capaz de escrever um livro ou um longo artigo de revista se não existisse nisso também uma experiência estética."

quarta-feira, 19 de março de 2014

Uma notícia que chocou

Nesta semana, soube de uma notícia trágica que me deixou perplexa. Trata-se da morte de Cláudia Ferreira (que foi socorrida no porta-malas por três PMs). Ficou a impressão de que vivemos em uma praça de guerra no Rio de Janeiro. Além da indignação que a notícia provoca, fica a necessidade de se investigar as moléstias que causaram tal horror. É preciso que o ser humano se dispa de qualquer consciência sobre o valor da vida para cometer tal brutalidade, para agir com tal descaso. É só mais um corpo. É mais que tempo da Igreja se pronunciar a respeito destas coisas... Afinal, um coração redimido e temente a Deus só pode nutrir em si o desejo ardente por uma sociedade mais justa.


P.s: Percebam que a notícia mostrada no link está sob a seção "cotidiano". Isso já diz muito.

segunda-feira, 17 de março de 2014

Copa da rua

Fiquei sabendo de um projeto muito legal que vai acontecer no final deste mês. É a Copa da Rua. Um evento que dá voz e vez às crianças de rua de várias nacionalidades. Uma amiga que vai ser intérprete voluntária para o evento, escreveu uma matéria sobre o assunto. Li e recomendo aqui pelo blog. Espero que gostem.

Copa da Rua por Juliana Portela

sábado, 15 de março de 2014

Papo cultural

O dia hoje foi excepcionalmente cheio. Tanto que estou postando em uma hora em que, geralmente, quero distância do mundo virtual. Mas enfim, a causa é boa rs.

Estive hoje com duas amigas, uma delas, artista plástica e engrenamos em uma conversa sobre artes plásticas. Foi ótimo. Discutimos em particular a exposição da artista. Para saber mais sobre ela, acesse o site: http://claudiadowek.com/.

Prometo que de uma próxima vez, tento falar mais sobre o trabalho da Claudia. Vem mais coisas por aí.

Bom domingo/ boa semana!

quinta-feira, 13 de março de 2014

Um simples passeio

Ontem estive no centro da cidade. Parece uma coisa banal, mas pra quem esteve muito tempo sem sair (devido ao transtorno)... Considerei uma grande vitória. Voltar às ruas do centro, caminhar por lugares que há muito não passava, reconhecer prédios e ruas, perceber que ainda podia percorrê-las... Foi simplesmente um presente de Deus.

Aproveitei e passei pelo CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), lembrando da época em que eu frequentava o lugar. Uma performance estava acontecendo. Não dei muita atenção. Achei tudo meio despropositado, um fazer por querer fazer. Arte não precisa de justificação, mas, a meu ver, tem de conectar, comunicar-se com o outro.

Pois bem, encontrei minha amiga, fomos para um restaurante árabe bem simpático, conversamos e outra diferença que notei: estava saindo não só de um lugar distante, mas estava saindo de lá à noite. Tomei meu caminho de volta e cheguei na santa paz de Deus rs. Fiquei imaginando que isso parecia impossível para mim a dois anos atrás. Hoje não, graças a Deus. Centro da cidade, aí vou eu :)

terça-feira, 11 de março de 2014

Criacionismo

Dias atrás estive com um amigo meu que é, como a maioria das pessoas, evolucionista. Ele ficou perplexo ao saber que eu não rs. Aquele velho papo: "pessoas bem instruídas não são cristãs e não são criacionistas". Bobagem. Pura bobagem. Creio, sim, que somos atrasados por não termos nas escolas e nas nossas instituições de ensino um diálogo entre criacionismo e evolucionismo que poderia ser muito mais frutífero. Por isso hoje estou postando um série de vídeos do Prof. Adauto Lourenço (físico), que defende muito bem, a meu ver, essa questão do Criacionismo Científico.







domingo, 9 de março de 2014

Deserto

Hoje recebi uma notícia triste a respeito de uma criança. Fiquei tentando imaginar como estariam os pais diante da situação que estão enfrentando. Ambos cristãos, mas, ainda assim, abatidos pelo ocorrido. Quem não se entristece? Quem não se angustia em momentos difíceis? Então lembrei de uma passagem em Deuteronômio 4 que diz o seguinte:

"Então dali buscarás ao Senhor teu Deus, e o acharás, quando o buscares de todo o teu coração e de toda a tua alma.
Quando estiverdes em angústia, e todas estas coisas te alcançarem, então nos últimos dias voltarás para o Senhor teu Deus, e ouvirás a sua voz.
Porquanto o Senhor teu Deus é Deus misericordioso, e não te desamparará, nem te destruirá, nem se esquecerá da aliança que jurou a teus pais." (29-31)

Posso dizer, por experiência própria, que foi assim comigo (e espero que seja sempre). Como disse a um amigo, não sabemos as razões pelas quais passamos o que temos de passar. Às vezes, Deus nos dá essa compreensão. Às vezes, estamos simplesmente fazendo as perguntas erradas. Mas seja qual for a situação, Deus está sempre disposto a nos ouvir quando o buscamos de todo o coração.

sexta-feira, 7 de março de 2014

I've got jazz

Não sabia muito bem como encerrar essa série. Aliás, nem sei se ela se encerra... Há tantos bons nomes no violão ainda a serem divulgados. Mas... Como nem só de viola vive este blog, acabei elegendo um nome. Hoje eu vou de jazz, com John Pizzarelli. Figurinha já conhecida do público brasileiro, umas das coisas que mais gosto de Pizzarelli é o amor que ele tem pelos clássicos. Neste vídeo, por exemplo, ele faz uma interpretação de Gershwin (vou omitir a música de propósito :P). Espero que gostem.


quarta-feira, 5 de março de 2014

Um pouco de choro

Continuando com a série de violonistas, mais um brasileiro: Turíbio Santos, que é considerado um dos maiores violonistas brasileiros. De formação clássica, neste vídeo somos presenteados com uma interpretação de Choro nº1 de Villa Lobos. Como é bom ver e ouvir alguém que foi agraciado por Deus com tal dom para a música!


segunda-feira, 3 de março de 2014

Um brazuca nas cordas

Quem ainda não ouviu esse gaúcho arrasar nas 6, 10, 12 cordas até ainda não ouviu um bom violonista brasileiro. Com ele, a música brasileira ganha mais cor e vida. Com dedos ágeis e leves, ele não deixa a desejar a nenhum bom instrumentista internacional. No vídeo que escolhi, Yamandu toca um samba no programa do Jô Soares (calma, o Jô deixa ele tocar!). Espero que gostem.


P.s: Estou me segurando pra dizer... Tive a oportunidade de conhecê-lo pessoalmente quando morei no interior da Bahia. Gente boníssima. Respira música.







sábado, 1 de março de 2014

Al Di Meola e Piazzolla

Na sequência de grandes violonistas, gostaria de lembrar do Al Di Meola, que além de ter feito parcerias com Paco de Lucia, tem em seu repertório pérolas da música argentina (como Libertango, de Piazzolla). De mãos leves e sutis, pegada ágil ao violão, Meola dá uma linda interpretação a Milonga del Angel, também composta por Piazzolla. Um belo contraste ao Carnaval, hein?