quinta-feira, 2 de junho de 2016

Ode à escrita

Não lembro de momento tão premente para que eu escrevesse.
Nesse momento, escrever é respirar, é tornar-me, emancipar-me
Um pouco de alívio, um pouco de rumo, de ser, de querer
Sim, aquela pontinha de desejo de querer

Escrever é acariciar-me, é me abraçar e sentir também o Pai abraçando
Escrever é mais que sondar, é investigar e realizar descobertas de si
Descobertas de mim, esperança

Uso um espelho quebrado e minha visão de mim é imperfeita,
Mas a escrita me desnuda, me revela e me guarda. Protege-me como um anjo
A escrita faz companhia.

A escrita é também volátil. O que é já não será. O que já foi não o é mais. O que será também não o é. Como amá-la? Como querê-la? É ela quem nos quer, nos ama e nos chama a brincar com ela nos campos mais surreais, nos abismos mais sombrios, na geografia que for. Escrever... Ah... Escrever.