domingo, 29 de junho de 2014

O bom pastor

"Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo; o teu bordão e o teu cajado me consolam" (Sl. 23: 4)

Já falei aqui, algumas vezes, sobre TB (transtorno bipolar). Há tempos não falo sobre isso por uma questão bem simples: estou me sentindo bem estabilizada, embora alguns medicamentos (como calmantes) se mantenham. Aprendi que é possível compreender (ainda que não em sua totalidade) o transtorno e conviver bem com ele, como convivem os diabéticos com a diabetes, os hipertensos com a hipertensão e por aí vai. Contudo, sei que, ainda que com todos os cuidados, uma nova crise está no campo da possibilidade. O que me sustenta é, como disse o profeta, "trazer à memória aquilo que nos dá esperança". Saber que "ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte", Deus estará comigo (como esteve) me diz não apenas que estou segura e que tenho abrigo, mas diz sobre o próprio Deus que, como o bom pastor, dá a vida pelas ovelhas. Isto é graça. Sublime graça.

sexta-feira, 27 de junho de 2014

A ausência do amor presente

Saudades... Saudades porque é preciso sentir saudades. A saudade é uma presença, que de tão presente, nos consome, nos absorve, nos envolve. É preciso vivê-la em toda sua dimensão amorosa. A boa saudade. A saudade que espera (em ambos os sentidos), a saudade que enobrece. Saudade eloquente, saudade que engrandece, fascina, encanta. Como na canção de João de Barro "a saudade é dor pungente". Ah... Saudades.


A Saudade Mata a Gente - Dick Farney



quarta-feira, 25 de junho de 2014

Dizendo "não"

Dizem que não se deve começar a escrever com uma negação... Discordo. Aliás, discordo, nego, digo não. Não é uma das coisas que mais precisamos ouvir hoje em dia. Não só as crianças... Adultos também. Não.

Uma amiga, certa vez disse que o "não" era um dos primeiros sinais de afirmação da personalidade. Esclarecemos nossos limites dizendo "não".

Penso que o não mais difícil de se dar é aquele que precisamos dar para nós mesmos... "Não, não seja orgulhosa". "Não, não diga isso ou aquilo". "Não, não faça isso." Quanto ofendemos a Deus por trocar o "não" por "sim"? Dizemos "sim" para nós mesmos, tratamo-nos como reizinhos, pequenos príncipes e princesas e nos mimamos enquanto esquecemos do próximo a quem deveríamos dizer "sim". Pior, dizemos "não" pra Deus. 

Que tenhamos temor e sabedoria para aprender o tempo e a hora de dizer "não" aos nossos pequenos grandes delitos.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Dia de jogo

Sucumbindo ao calendário da Copa, hoje não pensei em nada pra postar... Mas, se pudesse em poucas palavras dizer algo que valha, diria: não abra mão do seu ócio contemplativo nem por força dos jogos. Não abra mão do seu tempo com o Criador. Não abra mão daquilo que é essencial.

Pois, que aproveitaria ao homem ganhar todo o mundo e perder a sua alma?
Marcos 8:36

sábado, 21 de junho de 2014

A amizade por C. S. Lewis

Depois de um gap (agradeçam à bendita Copa), volto aqui para postar sobre mais um pouquinho do livro "Os Quatro Amores" do Lewis:

"A Amizade surge do mero Companheirismo quando dois ou mais companheiros descobrem que têm em comum alguma ideia, interesse ou mesmo gosto de que os demais não partilham e que, até aquele momento, cada um deles acreditava ser seu tesouro (ou fardo) especial. A expressão típica do início da Amizade seria algo como: 'O quê? Você também? Pensei que eu fosse o único'."

É isso. Um encontro de almas. Um "que bom que estamos do mesmo lado".


Ao meu melhor amigo, meu namorado e a todos os demais que partilham comigo desta jornada que se chama vida.

terça-feira, 17 de junho de 2014

De "Malcolm" a vida

Ontem estava no metrô quando vi um jovem negro com uma camisa com a seguinte frase: "Estou de Malcolm a vida". Eu, que adoro trocadilhos, não resisti e ri disfarçadamente. Depois, em uma conversa com uma amiga, fiquei pensando no sentido do que o jovem queria dizer ao vestir uma camisa como aquela. Malcolm X foi um ativista afro-americano, eu ousaria dizer: sectário, cuja vida foi marcada por uma conduta leviana. Estar de "Malcolm" a vida poderia ser, além de estar de mal com a vida, se opor a ela, opor-se ao sistema, mas opor-se também a possibilidades mais éticas de se ir contra este sistema.

domingo, 15 de junho de 2014

Ócio contemplativo

Em Eclesiastes, fala-se que "tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu" (3:1). Gosto tanto desse versículo bíblico que já foi até assinatura do meu e-mail por bastante tempo. É, de fato, uma verdade... Uma verdade que mal reconhecemos.

Venho pensando no sentido do sabbath judaico em contraste com o cotidiano agitado em que vivemos. Algumas conclusões... O homem precisa de um descanso e de tempo para o Criador. Negar isso é negar sua própria essência. Fomos criados para o louvor da glória de Deus e contemplar a beleza de Sua santidade e Sua criação é ser humano, é expressarmos nossa humanidade de forma plena. Os tempos modernos, como bem coloca Charlie Chaplin no seu filme fizeram com que o homem se voltasse para a máquina cada vez mais a ponto de entendê-la como criação suprema quando, na verdade, a máquina é apenas um meio. O olhar da ciência se distanciou e muito do olhar daquele que contemplava as estrelas e a criação como um todo em busca de respostas. Sufocamos nossas perguntas? Deixamos o essencial de lado?

Penso que nos falta o que chamo de "ócio contemplativo". "Tempo para todo o propósito debaixo do céu"... Tempo para trabalhar, estar com os amigos, família, mas tempo também para se estar só e na solitude, encontrar-se com o Criador, pois é em Sua luz que vemos a luz. Contemplar, assim, também é adorá-lO, é vivê-lO.

Que tenhamos todos uma boa semana com tempo para os amigos, para os jogos, para as festas, mas tempo também para contemplar.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Novamente, sobre bipolaridade

Perdoem-me a lacuna... Nem eu consegui escapar ao frisson da Copa. Aliás, a Copa está bagunçando meu calendário todo! Enfim...

Hoje gostaria de voltar a falar sobre algo que há algum tempo já não falo... Transtorno Bipolar, ou simplesmente, TB ou TAB (incluindo o termo "afetivo"). Pra quem não conhece ou não conhecia (como minha mãe), muitos dúvidas e mitos em torno do assunto. Posso falar por mim, depois de aproximadamente 2 anos de tratamento (que é contínuo), estou levando uma vida praticamente normal. Tenho observado que, até mesmo a privação de sono, já não me causa o efeito negativo que antes causava. Tenho me sentido também mais disposta e não tenho observado grandes oscilações de humor. Nem tudo são flores... Continuo com a conta no vermelho e o desejo de comprar não diminui. Graças a Deus que me ajuda a controlar isso.

Mas então... O que vem a ser TB (ou TAB)? Trocando em miúdos, é um transtorno de humor caracterizado pela alternância de estado maníaco e depressivo. Pesquisando na rede, achei um blog bem interessante sobre o assunto. Há também o site do ABRATA (Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos) que é bem esclarecedor.

Só mais uma palavra sobre o assunto (longe de esgotá-lo). Aqui vai um relato pessoal. Tenho até hoje amigos que não acreditam no meu diagnóstico... Mas alguns indícios me mostram que ele foi certo: 1. identifico-me muito com os sintomas tanto da fase depressiva quanto da fase maníaca do transtorno; 2. Três médicos diferentes deram o mesmo diagnóstico para o meu caso; 3. O tratamento para TB funcionou e tem funcionado até hoje, graças a Deus.

No mais, não sinto que seja mais nenhum bicho de sete cabeças... Psicoterapia, ser amparada pela família, estar cercada de amigos e, sobretudo, conhecer o poder restaurador do amor de Deus podem fazer qualquer paciente com TB se restabelecer. O tratamento é essencial, mas não é completo. Deus conhece profundamente a alma humana.


segunda-feira, 9 de junho de 2014

Que venha a Copa

Ainda que, em pleno mês de Copa do Mundo, não ousaria dizer que há, nesta edição do mundial, um ufanismo generalizado como costumamos ver (para a tristeza dos comerciantes?). Se uma das coisas que faz do Brasil, Brasil for o futebol... Neste ano seria preciso rediscutir essa ideia. Mas, sim... Sendo contra ou a favor, o evento não deixa de ser o assunto da vez. E venho eu aqui, leiga, postar sobre o assunto. Uma breve reflexão apenas: a Copa vai passar. Brasil ganhando ou perdendo, protestos e greves acontecendo ou não, vida que segue, conta que chega, corrupção sem punição. Apontar é preciso, mas que esforço a mais demandaria de nós para que as lacunas, as debilidades maquiadas pela Copa fossem sanadas?

sábado, 7 de junho de 2014

Um pensamento e alguma poesia

Um momento. Um instante. Um segundo. Um texto. Uma linha. Um pensamento: Deus.

Porque dele e por Ele, e para Ele, são todas as coisas; glória, pois, a Ele eternamente. Amém.

Romanos 11:36

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Da escrita

Todos os dias ímpares costumo tirar uns 5 minutinhos pra sentar em frente ao note e escrever algo que valha (é como sei postar). Algo que valha... Bem, encaro sempre o dilema da "página em branco" e depois penso no quão relevante é o que quer que eu tenha a dizer. Aí é que são elas... Aí é que tremo na base. Vai uma pequena reflexão sobre o próprio ato de escrever:
"Escrever é copiar algo que já está escrito em outro lugar" (Bianca Ramoneda)

Tudo alimenta a escrita: o cotidiano, a vida, nossa fé... O que me faz lembrar de uma famosa citação de Wittgenstein: "os limites da minha linguagem são também os limites do meu mundo". Como profissional da área da linguagem, tendo a concordar com  o que ele diz... Mesmo os não-formalmente instruídos revelam em seu falar um conhecimento da linguagem que dificilmente teriam se não tivessem alargado as fronteiras de seus mundos.

Escrever para reelaborar, escrever para comunicar e mais que isso... Escrever para ser. Ser para escrever.

terça-feira, 3 de junho de 2014

Mens sana in corpore sano

Passando por aqui praticamente pra dizer "oi" e "tchau" :( Ok... Uma notícia. Eu, que nunca pensei que entraria em uma academia (sempre fui ligada a lutas com armas de corte: esgrima ocidental e chinesa), estou frequentando uma academia por... Digamos... Um ano. Meu maior obstáculo era a música. Mas onde frequento, fui, ouvi e achei bastante razoável (gostar já seria exagero rs). Confesso que só faço musculação. Seria absurdamente chato não fossem os colegas de "maromba" que encontro por lá. Estou até lendo um pouco sobre o assunto (oh, meu Deus!). Trocando em miúdos, mens sana in corpore sano. Cuidar do corpo é importante.

domingo, 1 de junho de 2014

O beijo

"Essa mistura e essa sobreposição dos amores se manifestam pelo fato de que, em quase todas as épocas e lugares, os três têm em comum o beijo como forma de expressão. Na Inglaterra moderna, a Amizade não o usa mais, mas a Afeição e Eros, sim. O beijo faz parte tão plenamente desses dois amores que hoje não é possível dizer qual dos dois o tomou emprestado do outro, se é que houve algum empréstimo. Pode-se dizer, sem dúvida, que o beijo de Afeição difere do beijo de Eros. Sim - mas nem todos os beijos entre amantes são beijos de amantes..."
     
                                                                                         (C. S. Lewis, Os Quatro Amores)