domingo, 23 de dezembro de 2018

Batendo o ponto

Pelo pouco que circulo na internet atualmente, tenho a impressão de que os blogs estão meio que estagnados... Pena. Agora temos os instagrams da vida pra cumprir esse papel. Eu tenho um, mas me recuso a fazer dele meu blog rs...

Divagações à parte (desculpem, bipolar é assim mesmo, discurso picotado e tal, rs), queria deixar aqui um registro de alguns pensamentos vividos, colhidos e gerados ao longo do ano. Vamos ver se consigo.

"2018 foi um ano difícil". "Esse ano passou voando". Quem ainda não ouviu essas frases levante a mão! Sim, foi um ano difícil (eleições, né, amigos?) e... Não, não acho que passou voando. Honestamente, acho que foi até devagar. Mas bem... Como o tempo pode ser também uma sucessão de fatos...

A questão, penso eu, reside em como digerimos o que foi vivido. Eu sou do tipo que não gosta de deixar pendências. Mas como nem tudo depende da gente... Neste ano, vou precisar colocar algumas coisas em "stand by". Isso me deixa triste, mas decidi que isso não pode estragar meu Natal. Então é reelaborar, ressignificar e reorganizar meu "armário interior", minha psiquê para que eu possa prosseguir com a "casa arrumada" em 2019.

Na verdade, não há um desfecho. A vida continua. Mas... Em nossas mentes, é como se um ciclo tivesse terminado. E por que não aproveitar isso? E vamos às promessas de fim de ano, rs...

Há quem sinta certo prazer mórbido em renovar suas metas e planos para o ano seguinte... Quanto a mim, já não faço isso há bastante tempo... Tem funcionado. Ao contrário disso, tenho pensado em termos de "possibilidades" para esta semana ou mês. Acho mais viável. Lido melhor com a frustração de não ter feito, não ter conseguido... E, para minha alegria, muita coisa consigo fazer :)

Pra mim, o ponto aqui é: um dia de cada vez. Os males de hoje pra hoje e as alegrias de hoje pra hoje. E assim sigo.

Não posso dizer que este ano prestes a nascer será bom ou ruim. Terá seus desafios com certeza. Terá suas vitórias. O que importa é que para o melhor ou pior, contarei com a doce presença de um pai eterno que orquestra a mais bela sinfonia no universo e que sou parte dela. Nada, absolutamente nada será sem propósito na vida dos seus filhos. E então, da minha perspectiva, sigo como a voz do poeta que diz: "caminhantes, não há caminho. O caminho se faz ao caminhar".

E isto é o que temos para hoje. Um FELIZ NATAL e um 2019 pleno em todas as suas vicissitudes 🥂

(To be continued)

segunda-feira, 2 de julho de 2018

A raiva

Uma das grandes preocupações de quem tem o TB, principalmente o tipo I (sim, vou falar disso de novo!) é saber lidar com a raiva. Confesso que pra mim isso ainda é um grande desafio.

Vamos por partes. Se você notar que vem tendo atritos frequentes com uma certa pessoa, considere um  afastamento temporário até que você tenha conseguido lidar com sua raiva e se sinta mais disposto ao diálogo. Ok. Essa é uma opção que vale, na maioria das vezes, para amigos ou familiares com quem você não tem obrigação de estar sempre. Mas quando é um colega de trabalho ou alguém que veja sempre. Amigo... Aí, mantenha a educação e, sabe aquela música do Rei Leão: "somente o necessário, o extraordinário é demais"... Seja sempre educado e cortês e tente sempre que estiver longe da pessoa, reavaliar as coisas. Talvez a realidade te pareça diferente.

Ok, mas e quando você convive com essa pessoa? Puxa... Aí, querida... Se interna num mosteiro budista e só sai de lá quando virar um  monge,  kkk... Bem, na real, vou dizer o que acontece comigo.

Eu estou exatamente nessa situação. Sabe aquele momento em que você se sente totalmente impotente em que tudo o que você disser será usado contra você? Quando a sensação que você tem é de que você deve tá com todos os pinos frouxos pra ver uma realidade que o outro não vê  (ou não quer ver, que também é uma possibilidade), você se sente ferido e totalmente incompreendido e, simplesmente, não tem abertura para o diálogo. Bem, depois de pensar em mil e uma formas de acabar com a criatura, você se impõe à realidade: convivo com esse... ser e preciso lidar com minha vontade quase sádica de ve-lo em maus lençóis.

Quadro descrito, passo a dizer o que consigo fazer. Primeiro, sou cordial. Posso não ser carinhosa ou meiga, mas cordial sempre. Procuro agir para o bem desta pessoa apesar da minha vontade de esganá-la. Procuro pensar antes de agir (a raiva não é boa conselheira) e tento agir sempre para o bem dessa pessoa (pense que, em algum momento, seus sentimentos vão mudar). De grão em grão, suas boas ações vão fazer com que essa pessoa não lhe pareça tão má assim.

Por fim, passe tempo só. No meu caso, choro minhas mágoas com Deus e é muito bom. Deus é Pai, amigo. Ele vê o que não vemos. E confie que, por pior que pareça, é uma situação passageira e ninguém é tão ruim assim que não seja capaz de ter um instante de verdade.

Quanto a mim, sigo contando 1, 2, 3... Até mil ou o que for.

quarta-feira, 13 de junho de 2018

A visão do transtornado

Fiquei surpresa e feliz ao retornar aqui e ver que há um post desse ano, dois aliás. Esse blog já tá mais do que pra lá de episódico rs...

A razão que me traz aqui hoje é dolorida, amargurada... Mas espero que possa ajudar alguém que esteja na mesma condição que eu ou tendo que lidar com alguém que esteja. Diferente das outras postagens, é mais um desabafo que uma reflexão, mas... que no fim de tudo resulte em reflexão.

Quem me acompanha aqui sabe que tenho o diagnóstico de transtorno bipolar tipo I dado em 2012. Desde então faço tratamento com medicação e terapia e, na maior parte do ano, tento fazer atividade física regularmente (sério, ajuda muito!). As implicações disso na nossa vida atingem todas as esferas: família, trabalho, amigos, lazer... Tudo. E como lidar com isso?

Volta e meia dou uma fuçada na internet a procura de artigos e postagens mais confiáveis sobre relacionamentos e bipolaridade. Tudo o que encontro são coisas como "como agir com um bipolar" ou "meu marido é bipolar" ou "faça isso não faça aquilo com um bipolar"... Mas... Não vejo um bipolar dizendo como ele se sente em relação aos outros e ao mundo. Pois bem... Daí, ontem, querendo ver um filme que me fizesse refletir, assisti "Com amor, Vincent". Sobre a vida, sobretudo, a morte de Van Gogh. Ui... (longa pausa). E quase me fogem as palavras. Tido como "freak", doido, por vezes, gênio, Van Gogh foi um cara extremamente solitário que parecia se abrir somente para uns poucos seres no mundo, dentre eles, seu irmão Theo. E me identifiquei: com a tempestuosidade, com a dor, com o sofrimento.

Quem tem o transtorno precisa entender que, às vezes, nossa visão da realidade é comprometida. Nós a distorcemos para um contexto que nos é, não raro, anterior à situação vivida e por mais que nossos companheiros, familiares e amigos queiram nos fazer enxergar, não é na hora da crise que vocês vão conseguir. Se você tem um amigo, cônjuge bipolar (e principalmente do tipo I) precisa ser firme quando esta pessoa estiver em um de seus delírios, mas nunca, nunca seja hostil, nunca aja sem amor. Você já imaginou o que pode se passar pela cabeça dessa pessoa? Ou como ela se sente? Tratar seu marido como monstro ou sua esposa como um lixo NÃO vai melhorar a condição deles. Ao contrário, só vai piorar. Procure, com paciência, entender os motivos pelos quais seu companheiro ou amigo bipolar disse o que disse ou agiu como agiu. Sabendo as razões, você vai ter uma melhor compreensão daquilo que pode provocar uma crise (seja mania ou depressão). Em muitas situações, você vai precisar mesmo ser firme e conter seu amigo ou companheiro, mas entenda qual é seu inimigo. NÃO é contra o seu amigo que você deve estar.

É possível que um bipolar tenha um bom autoconhecimento e consiga perceber quando se excede. Em muitas situações, ele/ela pode conter seus impulsos e gerenciar suas emoções de forma a reagir com sabedoria. Mas, verdade seja dita, a não ser que seja um mestre zen, isso não ocorre 100% das vezes.

Se você escolheu se relacionar com um bipolar, precisa entender as consequências que o transtorno traz ao relacionamento. Ser rude, impassível e não procurar entender as causas das ações do seu amigo/companheiro só vai fazer a condição dele/dela piorar. Você precisa saber que, acima de tudo, é um relacionamento que requer muita paciência. Pense que será mais difícil do que lidar com alguém que não sofre de nenhum transtorno e por isso mesmo, vai exigir mais de você. Pense também o quanto será recompensador ver seu companheiro/amigo estabilizado, conseguindo administrar suas emoções e que, como todo mundo, tem muito a contribuir com a vida.


sexta-feira, 9 de março de 2018

Tempo para...

Tenho aprendido ao longo da minha vida (e devo ressaltar, não só de consumidora) que briga requer tempo. E muito tempo. Quem nunca teve a desagradabilíssima experiência de amargar uma meia hora, quarenta minutos no telefone com alguma operadora de celular ou outro provedor de serviços. Há de se ter tempo para isso. Se você vai entrar na esfera jurídica então... Nem se fala, amigo. Eu estou às voltas com um processo cuja entrada se deu em 2015 ainda! Até agora não vi a cor do que me é devido. Tristeza.

Mas retomando, TEMPO. Tempo para protestar, tempo para brigar. Na esfera pública, vejam quanto tempo tem a "lava jato" e ainda com muita água pra rolar. Mas... Na esfera privada também há de se ter tempo.

Na esfera privada é preciso tempo porque não é em 5 minutos que você vai convencer seu amigo de que a decisão "x" dele pode não ser a melhor ou a sua mãe de que ela precisa aceitar sua ajuda para algo específico,  ou ainda seu marido ou namorado de que eles precisam cuidar melhor da saúde. Brigar e aqui digo no sentido de "peitar" pelas suas decisões é sempre árduo e requer tempo. R briga,  no sentido de conflito também. Lembra daquela DR com o seu digníssimo  (ou digníssima) bem na hora de sair e que te fez atrasar? Quem nunca, não é verdade?

Agora que lancei a tese, preciso concluir,  mas... Como? Que posso eu dizer a respeito disso?

Brigas, sejam de qual propósito for, demandam tempo. Elas fazem parte da vida, não há como não tê-las. Mas, pera lá: são todas necessárias? Não. São todas  justas?  Honestamente,  não. Então por que não decidir quais brigas valem a pena e quais são desnecessárias? Viveríamos menos emburrados, carrancudos e mais leves e amáveis. Sendo assim, penso que devemos escolher bem nossas brigas e lutar nossas lutas da forma mais justa possível, sabendo sempre que o objetivo não é ganhar, mas crescer.

E é  isso que temos pra hoje.

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Ano Novo

Intencionava escrever antes da virada do ano, mas.... Como disse uma vez uma amiga: "quando a gente tá feliz, a gente quer viver" rs. Digamos que eu não estive pulando de alegria, mas... Precisava viver.

Virada do ano pra mim tem um quê nostálgico... Aquilo que não fiz, aquilo que não vi, os livros que não pude ler... Sempre me recusei a pensar que tudo tivesse que ser visto só pelo lado bom. Se existe o lado negro da força e é preciso um equilíbrio para que o universo exista harmoniosamente... Por que, raios, haveria eu de excluir os "nãos"??! Honestamente, acho até burrice...

Mas ok, filosofia Star Wars à parte, fim de ano dá sempre aquele apertinho, uma vontadezinha de fazer um balanço, né, não? Concordo com Nicodemus que não há embasamento bíblico pra isso. Mas de onde isso viria? Eu diria que isso é coisa de Papalagui. Nossa percepção do tempo é como é porque nós o quantificamos, nós contamos o tempo. Tentativa, ilusória possivelmente, de controlar o tempo. A questão é: nós lidamos com o tempo dessa forma, como algo que se quantifica. E, sim, temos a sensação de que algo acaba, de fato, no final do ano. Há continuidade? Há, sim. Mas também há ruptura. Com o que? E... Aí, vai da história de cada um e de cada um dentro de sua comunidade. Uma ruptura abrupta e visível. Não sei. Bem... Lembro de uma resolução de Ano Novo que fiz de não roer mais as unhas. Funcionou  :) Mas... Rupturas nem sempre são visíveis e tão bem demarcadas... Na maquiagem, por exemplo, você pode trabalhar com transições de cores, até que uma cor x prevaleça enquanto outra não. 

Resumindo, temos um Ano Novo que se não é completamente novo, assim se faz por uma contagem de tempo. E se "novo" não fosse, não nos perguntaríamos: o que fazer neste ano que se inicia?

Gosto de pensar (o que nem sempre implica em uma descoberta factível) que mais uma oportunidade se nos apresenta. Da mesma forma que "um dia discursa outro dia" e uma noite revela conhecimento a outra noite", o tempo é o tempo independente de nossas imperfeitas contagens. E com outro dia iniciando, temos mais uma oportunidade de fazermos boas e melhores escolhas. É preciso ter em vista nossa insignificância. O dia não espera e é a noite que revela conhecimento à outra noite, não nós. O Pai assim fez. Não controlamos o tempo, ele nos é ofertado. Então meu desejo para este Novo Ano, este novo ciclo que se inicia é que saibamos contar nossos dias.