segunda-feira, 15 de abril de 2019

Gente humilde

Hoje algumas lágrimas que em mim há algum tempo habitam teimaram em sair e vagar pelo meu rosto. É a dor de uma perda. Perda de afeto, de cumplicidade, de convivência. Uma perda.

Enquanto estive na rua, debati-me em vão para que elas não saíssem, mas... foi só pisar em casa que desisti da luta e disse-lhes: vão, minhas meninas, desaguem no oceano da minha pele. E me entreguei. No meio da respiração ofegante, ouço o barulho da tv. No outro quarto, minha mãe via um jornal. Paro pra assistir por alguns minutos: histórias tristes. Gente que perdeu, gente que sofre. Pessoas com dor, com um coração que dói. E me pego pedindo a Deus por elas. Então concluo o óbvio: não sou a única que sofre. Senhor, acode. Senhor, ajuda. E lembro o que dizia a canção:

"São casas simples
Com cadeiras na calçada
E na fachada
Escrito em cima que é um lar
Pela varanda
Flores tristes e baldias
Como a alegria
Que não tem onde encostar
E aí me dá uma tristeza
No meu peito
Feito um despeito
De eu não ter como lutar
E eu que não creio
Peço a Deus por minha gente
É gente humilde
Que vontade de chorar"
(Chico Buarque)

A diferença: eu creio.