sábado, 15 de fevereiro de 2014

Unindo Igreja, Evangelho e Cultura


Um jovem pastor para uma cidade babilônica. Uma das formas de se entender o livro Reformissão, do Mark Driscoll. Baseado em suas experiências com sua igreja (Mars Hill) sediada em Seattle, Driscoll tem como principal proposta falar de missões, unindo Evangelho, Igreja e Cultura.

Para iniciar a leitura de Reformissão, é bom ter em mente o que o autor entende por cultura. Ao fluir da leitura, é possível perceber que Driscoll trabalha com um conceito base de cultura e alguns outros que vão surgindo dentro de contextos específicos, mas nem por isso, deixando de turvar um pouco o texto. Em todo caso, o autor entende cultura de uma forma dinâmica e que não se atém a coisas, objetos ou práticas e usos, mas vai além: atinge nosso modo de pensar, ser e conviver.

Seguindo, o livro discute o modelo que temos de missão e propõe a reformissão a partir do próprio modelo de Cristo. Discute a forma como nos aproximamos de pessoas não-cristãs e como Jesus fazia isso de forma a guardar o Evangelho e, ao mesmo tempo, compartilhá-lo. Segundo o autor:

“a reformissão é, fundamentalmente, ser como Jesus, por meio de sua graça transmissora de poder. Um dos pontos-chave subjacentes à reformissão é a compreensão de quem nem a liberdade de Cristo nem a nossa liberdade em Cristo subentendem uma permissão para chegarmos tão próximo quanto possível do pecado, contanto que não cruzemos o limite.”
                                                                                                       (DRISCOLL, p. 39-40)


Acrescentando, Driscoll mostra como os evangelhos comunicaram as boas novas considerando o contexto cultural. Entrando na questão da união da Igreja com a Cultura (aqui, em um dos seus conceitos, “cultura” seria o contexto cultural específico a um determinado lugar). Para ele, a reformissão não é algo que se faz, mas algo que se é, o que, em termos de missões, faz muito sentido, pois Cristo não deixou de ser Cristo da forma que pregou o Evangelho, mas, ao contrário, Ele se reafirmou como Filho de Deus ao fazê-lo como fez, desafiando as práticas que se distanciavam da vontade do Pai.

Na segunda parte do livro, a discussão se aprofunda em como nós, cristãos, nos relacionamos com os não-cristãos e com nossa cultura. Para tal, o autor trata da reformissão dentro da cultura e ilustra com algumas questões cuja forma de serem tratadas, transparecem regras impostas culturalmente.

Todo o livro é enriquecido com depoimentos e relatos da própria experiência do pastor que o escreve. É de uma leitura muito clara, límpida e bem humorada que nos leva a pensar sobre nossos próprios preconceitos e de como somos imbuídos por falsos ensinamentos dentro de nossa própria cultura. Entender que não estamos imunes a uma gama de práticas, usos, ideologias de nossa época e que é incumbência nossa, aprendermos a viver dentro de nossos contextos e comunicarmos o Evangelho dentro de nossas próprias vivências é, sem dúvida, um grande tesouro que encontramos nesta obra.


Fonte: DRISCOLL, Mark. Reformissão: como levar a mensagem sem comprometer o conteúdo. Niterói, RJ: Tempo de Colheita, 2009.

Um comentário:

Alex Barbosa disse...

Belíssima resenha. Livro recomendadíssimo.